As cidades não serão poupadas dos impactos da crise climática. Historicamente, o mundo urbano e o mundo natural foram considerados opostos, mas uma compreensão mais profunda revela que eles estão intrinsecamente ligados. Um relatório divulgado pelo Fórum Econômico Mundial mostra que quase metade do Produto Interno Bruto (PIB) das cidades do mundo está ameaçada pela perda de biodiversidade. No entanto, se as cidades optarem por investir na natureza, poderão impulsionar a economia.
Embora as cidades ocupem apenas 1% das terras do planeta, elas dependem de uma área 36 vezes maior para sustentar seus habitantes. Além disso, são responsáveis por mais de 75% das emissões de gases de efeito estufa. É preciso mudar a forma como as cidades são construídas, com uma abordagem de desenvolvimento em harmonia com a natureza.
Uma colaboração entre o Fórum Econômico Mundial e o Instituto Alexander von Humboldt resultou na iniciativa BiodiverCities até 2030, que busca criar um modelo de desenvolvimento urbano em harmonia com a natureza. O crescimento das cidades historicamente tem sido em detrimento do mundo natural, e é necessário reverter essa tendência. Embora as cidades se expandam para áreas valiosas em termos de biodiversidade, é possível construir cidades que fortaleçam a natureza.
A perda de biodiversidade ameaça 44% do PIB urbano global, cerca de US$ 31 trilhões. Isso ocorre porque setores como cadeias de suprimentos, transporte, energia, serviços públicos, varejo, consumo, aviação e tecnologia da informação dependem da natureza. Além disso, as cidades estão sujeitas aos impactos da crise climática e de outros desastres naturais, como inundações e secas.
Para transformar as cidades em BiodiverCities, a abordagem de governo urbano deve considerar as necessidades do mundo natural e das populações humanas. A natureza deve ser incorporada ao planejamento urbano, preservando habitats e incluindo vegetação no design das cidades. Além disso, as cidades devem atrair investimentos por meio de dados de biodiversidade e criar novos mercados. Investir na natureza traz benefícios econômicos e torna as cidades mais resilientes, habitáveis e competitivas.
O papel das cidades na crise climática também foi destacado no relatório do IPCC. Melhorar o planejamento urbano, promover a produção e o consumo sustentáveis, eletrificar a rede e adotar soluções baseadas na natureza são formas eficazes de reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
Construir cidades em harmonia com a natureza é essencial para um planeta próspero. À medida que as cidades se recuperam da pandemia de coronavírus, é importante priorizar uma qualidade de vida equitativa e próspera, protegendo os recursos naturais. Transformar as cidades em BiodiverCities é fundamental para garantir um futuro sustentável.
