Desde o final de maio de 2025, o Gama-DF passou a contar com um importante reforço na área da saúde: o novo Ambulatório de Dor Crônica da Policlínica do Gama, que já começa a transformar a vida de pacientes acometidos por dores persistentes, debilitantes e de difícil controle.
Entre as beneficiadas está Leide Batista Oliveira, 43 anos, que convive com fibromialgia há mais de uma década. Diagnosticada em 2013, ela relata anos de sofrimento com dores musculares intensas. Porém, após duas consultas no ambulatório, Leide finalmente percebeu uma melhora significativa. “É uma maravilha. Já senti melhora desde a primeira consulta. Saí muito feliz daqui”, contou emocionada.
Uma abordagem humanizada e multidisciplinar
O espaço oferece uma abordagem inovadora, priorizando terapias não medicamentosas e tratamentos integrativos, com acompanhamento de fisioterapeutas, neurologistas, ortopedistas e acupunturistas. A missão é clara: reduzir a dor e recuperar a autonomia e a qualidade de vida dos pacientes.
Segundo o coordenador do ambulatório, José Atevaldo Nascimento, muitas pessoas atendidas ainda estão em idade produtiva, mas foram afastadas de suas atividades pela dor. “Com esse programa, buscamos primeiro tirar a dor. Isso permite, por exemplo, que algumas pessoas voltem a trabalhar e retomem suas rotinas.”
Um problema de saúde pública
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 30% da população mundial sofre com dores crônicas, como lombalgias, enxaquecas, dores cervicais e fibromialgia. Essas condições frequentemente levam pacientes aos prontos-socorros, sobrecarregando a rede pública. O ambulatório vem justamente como resposta estruturada e contínua para esse problema de saúde pública.
Tecnologia aliada ao cuidado
Com equipamentos modernos e técnicas atualizadas, a expectativa é de que o novo espaço atenda cerca de 600 famílias até o fim de 2025, segundo o superintendente da Região de Saúde Sul, Willy Filho.
“Atendemos pessoas que sofrem com dores para o resto da vida, dores que não são facilmente tratadas com medicação. Por isso, a aposta é em abordagens tecnológicas e humanizadas.”
Um dos especialistas do projeto, o fisioterapeuta Carlos Viana, explica que o foco é reeducar o sistema nervoso, aumentando o limiar da dor no cérebro:
“O paciente começa a sentir menos dor e pode reduzir a medicação. Assim, vive com menos limitações.”
Além dos ganhos físicos, a saúde mental também é contemplada.
“Dor crônica está relacionada à insônia, ansiedade, depressão e alterações de humor. Aqui, tratamos mente e corpo juntos.”
A dor invisível da solidão
Leide relata que a dor vai além do físico:
“Tiveram dias em que eu queria ficar na cama, sem ver ninguém. Você perde o ânimo, a vontade de viver. A dor isola a gente.” Esse acolhimento emocional é uma das marcas do novo serviço, que oferece não só alívio, mas escuta e empatia.
Como acessar o atendimento
Inicialmente, o ambulatório atende por busca ativa, priorizando pessoas que estão na fila de espera da regulação para fisioterapia e acupuntura. Após triagem e entrevista, os pacientes são encaminhados para o tratamento, com sessões periódicas.
Segundo Raquel Fernandes Carneiro, gerente de Atenção Secundária do Gama, a adesão ao tratamento é essencial para os resultados. “O paciente precisa se comprometer a vir. Sem isso, não conseguimos oferecer o cuidado de forma eficaz.”
O Ambulatório de Dor Crônica da Policlínica do Gama é um marco na política pública de saúde do Distrito Federal. Ele demonstra que é possível unir ciência, empatia e responsabilidade social para tratar de um problema muitas vezes invisível, mas que atinge milhões de brasileiros. Em tempos de avanço da medicina integrativa, o Gama dá um passo decisivo na direção de uma saúde pública mais humana, acessível e resolutiva