Os estudantes do Centro Educacional (CED) 08 do Gama emocionaram a comunidade escolar com a apresentação do espetáculo teatral “Corpo Fechado”, na quinta-feira (1/08). A peça abordou o tema do racismo com diferentes perspectivas, referenciando obras presentes no Programa de Avaliação Seriada (PAS) da Universidade de Brasília (UnB). A secretária de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá, esteve presente e destacou a importância da temática abordada.
Abordagens e Temáticas
Encenada por alunos do ensino médio, a peça “Corpo Fechado” trouxe à tona questões cruciais como a recuperação da autoestima da mulher negra, a violência policial contra a população negra e o resgate das memórias de pessoas assassinadas. Além disso, incentivou o letramento racial, proporcionando uma reflexão profunda sobre o racismo e suas consequências.
A proposta de se colocar no lugar de pessoas marginalizadas emocionou o público, mostrando a realidade vivida por aqueles que estão à margem da sociedade. A secretária Hélvia Paranaguá, ao prestigiar o evento, elogiou a veracidade e a força da peça: “O racismo estrutural é deplorável porque, como o nome já diz, ele está na estrutura do Estado e temos que combatê-lo”. Ela parabenizou os alunos e professores envolvidos e sugeriu que a peça fosse replicada em toda a rede pública de ensino.
Preparação e Impacto
O vice-diretor do CED 08, Guilherme Pereira, enfatizou as diversas referências a obras do PAS e a importância da formação integral do cidadão: “A escola tem um papel não só de ensinar conhecimento, mas também de formar cidadãos, brasileiros integrais, que têm uma concepção humana de respeito às diferenças e à cultura”.
A montagem e os ensaios de “Corpo Fechado” duraram cerca de dois meses, sob a orientação do professor Valdeci Moreira. Ele destacou a importância do estudo contínuo da história africana nas escolas, afirmando: “Minha consciência não é só um dia. Então, nós, enquanto educadores, precisamos fazer um letramento racial”.
Protagonistas e Multiculturalismo
Geovana Yasmim de Souza, de apenas 15 anos, foi uma das alunas protagonistas da peça. Ela compartilhou o sentimento de libertação ao abordar o tema do racismo de forma aberta: “Um dos lugares que mais acontece o racismo, bullying é nas escolas. Então esse tema tem que ser muito bem trabalhado, porque muitos alunos sofrem dentro de sala de aula, como eu, e não falavam. Só que agora a porta pode ser aberta para gente falar, ter voz, e isso é muito bom”.
“Corpo Fechado” é uma obra que promove o multiculturalismo e a coletividade, destacando a importância da ancestralidade para a população negra. A peça citou a escritora e professora americana Toni Morrison: “Quando não souber onde ir, olhe para trás e saberá de onde vem”.
A apresentação do espetáculo “Corpo Fechado” no CED 08 do Gama é um exemplo poderoso de como a arte pode ser uma ferramenta de conscientização e transformação social, educando e sensibilizando a comunidade sobre questões fundamentais como o racismo.