Uma nova tendência nas redes sociais tem preocupado pais e educadores: o culto ao “homem sigma”. Popularizado por vídeos curtos no YouTube e TikTok, o termo descreve um homem idealizado como autossuficiente, misterioso, elegante e insensível às emoções, características que remetem à masculinidade tóxica retratada na série “Adolescência” da Netflix.
Apesar de não haver uma aparente apologia à violência contra a mulher, os vídeos exaltam um padrão de masculinidade que valoriza o controle, a força e a supressão de emoções, perpetuando o estereótipo do “homem não chora”. Emojis como o copo de vinho e a máscara Moai, associados a grupos extremistas misóginos, também ganham popularidade entre os jovens, que muitas vezes desconhecem o significado por trás dos símbolos.
A busca por identidade e pertencimento
A adesão à cultura “sigma” reflete a busca dos adolescentes por identidade e pertencimento. Em uma fase de construção da personalidade, os jovens podem se sentir atraídos por ideais de masculinidade que lhes transmitam um senso de poder e segurança.
A ausência de figuras masculinas positivas em suas vidas, seja pela falta do pai ou pela presença de modelos que reforçam estereótipos ultrapassados, contribui para que os jovens busquem referências nas redes sociais, onde encontram vídeos que promovem uma visão distorcida do que é ser homem.
O papel dos adultos na desconstrução da masculinidade tóxica
Pais, professores e outros adultos de referência desempenham um papel crucial na desconstrução da masculinidade tóxica e na promoção de modelos masculinos saudáveis. É fundamental que os adultos reflitam sobre seus próprios padrões de masculinidade e estejam dispostos a dialogar com os jovens sobre temas como emoções, relacionamentos e poder.
A escola e a família devem ser espaços de discussão sobre o que significa ser homem nos dias de hoje, incentivando os jovens a desenvolverem uma masculinidade que valorize o respeito, a empatia e a igualdade.
A importância da educação midiática
A educação midiática é essencial para que os jovens desenvolvam um olhar crítico sobre o conteúdo que consomem nas redes sociais. É preciso ensiná-los a identificar mensagens que promovem estereótipos e preconceitos, e a buscar informações em fontes confiáveis.
Ao invés de simplesmente proibir o uso das redes sociais, é importante orientar os jovens a utilizá-las de forma consciente e responsável, incentivando o debate sobre os valores e ideais que estão sendo transmitidos.
A cultura “sigma” é um alerta para a necessidade de repensarmos os modelos de masculinidade que estamos transmitindo aos nossos jovens. Ao invés de perpetuar estereótipos ultrapassados, precisamos promover uma masculinidade que valorize o respeito, a igualdade e a diversidade.